Arquivo diário: 16 de junho de 2012

Comunidades Virtuais, Integração Real

Órgãos do governo federal, entre eles o Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados), utilizam de forma crescente as comunidades virtuais como instrumento para compartilhar conhecimentos e aprimorar a qualidade dos serviços prestados à sociedade.

“Grupo de pessoas que comungam uma mesma crença ou ideal”. Essa é uma das várias definições do dicionário Aurélio para o termo comunidade. Uma descrição que, no universo das tecnologias da informação e comunicação, poderia ser aplicada para conceituar as comunidades virtuais. Mais do que mera tendência ou moda passageira do mundo contemporâneo, trata-se de uma nova forma de organização em redes, que possibilita o agrupamento de pessoas com interesses comuns, independentemente da distância física que separa umas das outras. Uma realidade cada vez mais presente nos diversos segmentos da sociedade, seja com objetivos acadêmicos ou profissionais, seja para a mobilização em torno de causas sociais e políticas, ou simplesmente para interagir com outros membros em busca de lazer e entretenimento.

Participar ou não de grupos como esses é uma escolha individual. As comunidades surgem espontaneamente, e permanecem ativas na medida em que se mantém vivo o interesse de seus integrantes. Contudo, governos e organizações privadas em vários países já descobriram o potencial de integração que as comunidades virtuais proporcionam. E estimulam seus colaboradores a utilizar esse instrumento como forma de aprimorar processos e promover o intercâmbio de conhecimentos.

No governo federal brasileiro, as comunidades virtuais têm sido cada vez mais usadas para que os seus diversos órgãos e servidores possam atuar de maneira mais articulada. A premissa é que a integração em redes favorece o desempenho da máquina pública. Por isso, o Comitê Técnico de Gestão do Conhecimento e da Informação Estratégica (CT-GCIE), vinculado ao Comitê Executivo do Governo Eletrônico, criou o Portal das Comunidades Virtuais do Governo Federal. O ambiente recebeu a denominação de CATIR (Comunidades de Aprendizagem, Trabalho e Inovação em Rede). Nesse espaço, organizações públicas brasileiras podem criar e participar de comunidades voltadas a apoiar suas atividades, criando e compartilhando conhecimentos entre si.

“Hoje em dia as tarefas a cargo da Administração Pública estão cada vez mais complexas. Quando chega um problema às mãos de um servidor, muitas vezes a solução exige alguma competência que a pessoa não detém. Daí a importância de incentivar a troca de informações entre os órgãos de governo. Mas como o conhecimento está distribuído em todo o território brasileiro, fazemos isso utilizando o meio virtual”, observa Paulo Fresneda, coordenador geral de Articulação Institucional, Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura, e também coordenador do CT-GCIE.

“Na Sociedade do Conhecimento em que nós estamos, é fundamental gerir o conhecimento, seja numa organização pública ou privada, e as comunidades virtuais são uma excelente ferramenta para isso. Por exemplo, eu, de Brasília, posso colaborar com um colega de Mato Grosso ou do Rio de Janeiro, e outra pessoa que está no Paraná pode ler aquela mensagem e também se apropriar da informação para o seu trabalho”, exemplifica Fresneda.

Atualmente, a comunidade do CT-GCIE conta com cerca de 800 membros. Outras também ativas dentro do Portal CATIR são: Sistema de Administração dos Recursos de Informação e Informática – Sisp; Programa Brasileiro de Certificação em Biocombustíveis – Inmetro; Rede PNAFM; Rede Governamental de Planejamento Estratégico; Licitações e Contratos; Rompendo Distâncias – Comunidade de Educação a Distância da Justiça do Trabalho; Professores da Escola Nacional de Administração Pública – Enap; Educação a Distância em Organizações Públicas; e Informação e Conhecimento em Ciência e Tecnologia – IBICT.

Para ter acesso às comunidades do CATIR, o servidor público cadastra seus dados no formulário disponível e depois recebe uma mensagem de confirmação via e-mail. A Escola Nacional de Administração Pública (Enap) oferece cursos de capacitação para uso do ambiente, nos quais são abordados os tópicos Noções de Comunidades Virtuais, Implementação de Comunidades Virtuais no Ambiente CATIR e Noções Sobre Administração de Comunidades Virtuais.

Apesar dos números crescentes, Paulo Fresneda adverte que a formação de comunidades ainda tem muito a avançar no Brasil, pois se trata de mudança cultural para a Administração Pública. “O trabalho nessas organizações ainda é muito voltado para o aspecto presencial. Do total de membros de uma comunidade, apenas 20% participam intensamente, postando e-mails e discutindo todos os assuntos propostos. Os 80% restantes chamamos de ‘aprendizes legítimos periféricos’, pois só ficam lendo as mensagens trocadas pelos demais”.

O coordenador do CT-GCIE observa que a principal razão alegada por esses membros “periféricos” é falta de tempo para participar das discussões. “Para muitos ainda não ‘caiu a ficha’ de que, no momento em que está lendo, respondendo a e-mails, participando e colaborando, ele está trabalhando. Essa participação nas comunidades virtuais deveria estar incluída no plano de ação negociado entre os servidores e seus chefes”, sugere.

Dentro do Portal CATIR, uma das comunidades mais atuantes é a do Sistema de Administração de Recursos de Informação e Informática – Sisp. O grupo foi formado em 2008, após a implementação da Instrução Normativa nº 4 (IN 04), que aprimorou a contratação de serviços tecnológicos pela Administração direta, autarquias e fundações. “Percebemos que havia uma lacuna muito grande entre os gestores de TI do governo federal. Eles tinham pouco contato, trocavam pouca experiência entre si. Por isso, decidimos criar essa comunidade, voltada a intensificar a colaboração entre esses gestores”, diz Cláudio Cavalcanti, gerente de projetos de Gestão Corporativa da Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento.

A comunidade Sisp já conta com cerca de 400 integrantes, entre gestores e outros profissionais de TI da Administração Pública Federal em todas as regiões do país, que entram no espaço para debater temas como planejamento tecnológico, modelos de contratação, compartilhamento de softwares e ferramentas de desenvolvimentos. O ambiente também é utilizado para divulgação de notícias relativas à capacitação e publicação dos documentos de referência, entre outras ações.

“Digamos que um gestor precise constituir um comitê estratégico de TI em seu órgão, mas não sabe como fazer uma portaria, por exemplo. Então ele pode acessar a comunidade e pesquisar as portarias que outras instituições já tenham publicado sobre o assunto. Assim, poderá usar uma delas como referência, ajustando-a às especificações de seu órgão”, cita Cavalcanti.

Fonte: Portal do SERPRO