Comunidades Virtuais nas empresas

por Eduardo Lapa *

As idéias mais abrangentes em organizações do aprendizado começam com visão, valores e propósitos: para o que existe a empresa, e o que seus membros desejam criar. No fundo, todo o movimento em torno do Conhecimento nas empresas se refere a esse ponto.

Por que existe medo no processo de aprendizado? Por que encaramos ‘saber’ como diferente, e às vezes oposto, a ‘aprender’? Por que tendemos a criticar antes de entender? Por que criamos controles burocráticos quando queremos construir organizações de visão? E por que insistimos numa visão departamentalizante e fragmentada, quando o mundo está cada vez mais interconectado? Essas questões estão no cerne de qualquer iniciativa de mudança organizacional. As respostas são variadas, pois trabalhamos com organizações complexas demais para as freqüentes simplificações das ‘receitas’ reducionistas.

Do ponto de vista mais geral, a fragmentação, a competição e a reação são traços marcantes na mentalidade de gestão ocidental (Kofman,F. e Senge,P.M.. Comunities of Commitment: The Heart of Learning Organizations. em Chawla,S. e Renesch,J. (org.). Learning Organizations: Developing Cultures for Tomorrow’s Workplace, EUA: Productivity Press, 1995. Pgs. 15-45.) As organizações são microcosmos da sociedade que as envolve. Assim, ao lidar com questões de mudança numa organização, estaremos lidando com questões culturais mais gerais.

Por isso, a fragmentação faz com que as empresas vejam cada área como estanque, com suas responsabilidades e atribuições, as quais seriam diferentes das de qualquer outra. Por isso, por exemplo, demora tanto tempo para que as deficiências e problemas de um funcionário da empresa no relacionamento com o cliente sejam analisadas, estruturadas e abordadas por alguma ação da área de RH.

Por outro lado, a competição se tornou o único viés pelo qual a maioria das organizações aborda a mudança. A mudança se dá na medida da necessidade da competição no mercado, numa visão sempre de curto prazo. Por isso que muitos dos problemas de hoje advém de ‘soluções’ de ontem, e as soluções dadas hoje irão gerar novos problemas amanhã. Por isso que poucas ações endereçam causas organizacionais realmente básicas.

Crescemos acostumados a mudar apenas por reação a forças externas, e não por desejo genuíno de transcendência, imaginação ou ambição intelectual. Nós somos acostumados desde a escola a fazer o que nos mandam, ler o que nos indicam, responder ao que nos perguntam. Em consequência, numa empresa, a maioria das pessoas se apega passivamente à rotina. Quando algo não funciona, chama-se o especialista. Mesmo que esse especialista resolva o problema, poucas pessoas terão podido ou se interessado em aprender com o caso, de forma a poderem agir diferente em situações futuras. Diante de um novo problema, provavelmente a empresa contrataria uma ‘consultoria especializada’, e os resultados de seu trabalho seriam implementados ‘cegamente’, isto é, sem ter ocorrido nenhum aprendizado no processo.

Anthony Carnevale defende, em seu livro America and the New Economy, que cerca de 60% das melhorias competitivas, no futuro, virão de aprender a usar melhor os recursos disponíveis. Assim, saber como iniciar, apoiar e sustentar processos que promovam o aprendizado organizacional se torna crucial. Aqueles que possam ser parceiros na construção de sistemas e estruturas necessários para o aprendizado organizacional, terão papel decisivo na sustentação da vantagem competitiva. Nessa perspectiva, os profissionais passam a se tornar agentes de aprendizado e consultores em performance, na visão de que a capacidade de aprendizado coletivo de uma organização ultrapassa qualquer tecnologia, produto ou serviço específico.

No fundo, retomando a perspectiva política por um momento, o discurso organizacional se volta para a capacidade de ‘pensar por si’ de cada colaborador da empresa. O ideal perseguido passa a ser o da evolução contínua, do aprendizado permanente, da capacidade de desempenhar papéis nos processos com espírito crítico, estando permanentemente comprometido com a melhoria e a inovação.

Nessa linha, os profissionais da empresa deixam de direcionar os seus esforços para atividades específicas, direcionadas exclusivamente a tarefas, e passam a se concentrar em promover o auto-desenvolvimento e o pensamento crítico. Isso leva necessariamente o profissional a sair de trás de sua mesa e ir para onde o trabalho está sendo realizado. O que se espera, nessa visão, é que cada um, equipado com o conhecimento sólido sobre os processos de aprendizagem, e portador da visão global de negócio, seja capaz de articular na empresa os processos básicos de Gestão do Conhecimento. O papel passa a ser de um catalisador e de um facilitador do aprendizado.

As principais atividades relacionadas à Gestão do Conhecimento, em geral, são: compartilhar o conhecimento internamente, atualizar o conhecimento, processar e aplicar o conhecimento para algum benefício organizacional, encontrar o conhecimento internamente, adquirir conhecimento externamente, reutilizar conhecimento, criar novos conhecimentos e compartilhar o conhecimento com a comunidade externa à empresa. E como as comunidades virtuais podem ajudar nesse processo?

Alguns pontos podem ser observados no desenvolvimento de comunidades virtuais nas empresas:

  • Comunidades virtuais podem apoiar as áreas de negócio na obtenção de novos conhecimentos, tanto de fontes internas quanto externas;
  • Comunidades virtuais podem apoiar a empresa na distribuição da informação e nas políticas de comunicação;
  • Comunidades virtuais podem estimular a adoção de novas ‘políticas culturais’ na organização, visando disseminar novos modelos mentais para reflexão, abordagem do processo de aprendizado e ação;
  • Comunidades virtuais, por sua própria natureza, podem apoiar a estruturação da ‘memória organizacional’, através do registro da troca de informações entre representantes das áreas de especialidade;
  • Comunidades virtuais podem funcionar como interconexão entre os núcleos de conhecimento, ajudando a identificar quem sabe o quê.

A atuação das comunidades virtuais na empresa pode se dar também em três grandes níveis, na abordagem da Gestão do Conhecimento:

1. abrindo horizontes para o nível executivo;
2. educando a gerência média e
3. instrumentando a ‘linha de frente’.

Para o nível executivo, nunca é demais lembrar os papéis fundamentais que Senge atribui aos líderes: projetista, educador e facilitador. Um desafio muitas vezes negligenciado – as vezes até por falta de espaço político – é preparar o nível executivo para esses papéis. Recursos Humanos tem um papel importante e desafiador aqui, e a criação de comunidades virtuais pode ser um caminho para isso.

Atuando nesse nível, através de comunidades virtuais pode-se desenvolver uma série de iniciativas fundamentais:

  • introduzindo o conceito de ‘organizações do aprendizado’ na própria dinâmica de interação dos grupos direcionados ao público executivo;
  • discutindo casos – internos ou externos à empresa – de aplicação das práticas de aprendizado contínuo, encorajando a criação de projetos-pilotos e grupos de discussão;
  • discutindo a criação de mecanismos de premiação para inovação e aprendizado individuais e de equipe;
  • mediando casos de resistência à mudança;
  • incentivando trocas de experiências e informações entre ‘comunidades de práticas’ da empresa, através de publicações e eventos específicos;
  • trocando informações sobre a realização de projetos de benchmarking com organizações similares ou concorrentes;
  • apoiando consultivamente a resolução de problemas nas áreas, através de grupos interdisciplinares.

A gerência média, muito questionada e pressionada em diversas organizações que adotaram reengenharia. No entanto, os gerentes de processos são cruciais para facilitar a aprendizagem organizacional. Eles são um elemento de ligação importante na comunicação empresarial , tanto de cima para baixo, quanto entre as diferentes unidades de negócio. Os gerentes são os responsáveis pela integração dos indivíduos e a comunicação das idéias, assim como na inovação e no desenvolvimento de novos produtos e processos.

Tradicionalmente, os gerentes médios são uma categoria de resistência política. A reengenharia, ao achatar a pirâmide organizacional e redesenhar a gerência média, quebrou muitos elos na estrutura do poder formal e informal na organização. O papel esperado do gerente numa organização do aprendizado é totalmente diferente. E, através de comunidades virtuais, pode-se atrair talentos para essa função, selecionar, educar e estimular os gerentes médios. É esperado da gerência média uma abordagem aberta, cooperativa, criativa e empática. O gerente deve ser um exemplo de mentalidade aberta para a inovação e o aprendizado.

Assim sendo, pode-se desenvolver uma série de iniciativas fundamentais para a educação da gerência média através de comunidades virtuais:

  • explicando a abordagem da Gestão do Conhecimento aos gerentes, através de publicações, seminários, cursos e eventos específicos;
  • praticando habilidades de negociação úteis na interação com outras áreas;
  • criando canais para a disseminação do conhecimento entre áreas afins, tanto nos aspectos técnicos quanto de práticas gerenciais;
  • criando e disseminando estudos de caso da empresa, que demonstrem a efetividade da abordagem de organização do aprendizado;
  • patrocinando fóruns interdisciplinares e entre diferentes áreas organizacionais, onde as pessoas sejam estimuladas a compartilhar experiências, trocar informações e estreitar laços de relacionamento profissional;
  • expondo os gerentes a experiências fora da organização, no próprio país ou no exterior, onde as pessoas tenham oportunidades de enriquecimento de sua visão de negócio e de mercado;
  • favorecendo o desenvolvimento de equipes, a identificação de novos líderes e a renovação das gerências;
  • suportando um clima organizacional favorável à diversidade de culturas e ideologias, através de mecanismos que respeitem as diferenças individuais;

No nível da ‘linha de frente’, que seria o nível mais pragmático, há muita coisa a se fazer no direcionamento para a Gestão do Conhecimento. A tão reforçada autonomia e a participação – o empowerment – são pretendidos para os níveis mais operacionais da empresa. É na ‘linha de frente’ que deve estar mais apurada a mentalidade de ‘atenção total ao cliente’. E o que se quer em termos de comunicação organizacional é a informação, as idéias e o conhecimento fluindo livremente, tanto horizontal como verticalmente, para além das fronteiras departamentais.

Assim, algumas ações fundamentais podem ser desenvolvidas para instrumentar a ‘linha de frente’, através de comunidades virtuais:

  • enfatizar qualidade, visão de cliente interno/externo e inovação;
  • desenvolver habilidades de negociação, domínio da linguagem, visão crítica, conhecimento do negócio, resolução de problemas e processo decisório;
  • criar infra-estrutura para o estabelecimento de comunidades de práticas, visando o compartilhamento de informações e experiências;
  • implementar políticas de intercâmbio de pessoas e informações entre diferentes unidades de negócio;
    desenvolver canais de comunicação entre a ‘linha de frente’ e as gerências;
  • estimular o compartilhamento de experiências entre funcionários antigos e novos;
  • preparar programas de ambientação que estabeleçam claramente o compartilhamento de conhecimentos como um valor da organização;
  • criar condições para que os próprios trabalhadores, na medida de seus conhecimentos e habilidades, passem a desempenhar atividades de treinamento de seus colegas;
  • implementar fóruns de discussão interdisciplinares;
    criar mecanismos de divulgação de informações sobre negócios, clientes, processos produtivos e administrativos;
  • criar oportunidades de desenvolvimento pessoal e profissional para todos na organização e premiar aqueles que buscam e aproveitam essas oportunidades;
  • incentivar as pessoas a se responsabilizarem pelo seu desenvolvimento pessoal e profissional.

É claro que muitas dessas iniciativas também podem se dar sem comunidades virtuais. A questão aqui apenas é a facilidade, o baixo custo e o tipo de cultura que se ajuda a criar. Naturalmente que barreiras organizacionais de todos os tipos dificultam, e às vezes impedem, a implementação das ações descritas, em todos os níveis. Por outro lado, o que a Gestão do Conhecimento traz é a defesa de que o esforço vale a pena. Numa economia baseada no excesso de informação, ao invés da escassez de recursos, gerir o conhecimento da empresa é uma questão de sobrevivência. Muitas das ações descritas já são implementadas, de uma forma ou de outra, em várias empresas. O que está se discutindo é uma janela de oportunidade para participar da estruturação da Gestão do Conhecimento na organização.

Elliot Maisie, em sua palestra no Congresso da ASTD’98, em San Francisco, Califórnia, em junho/1998, discutiu série de tendências para a Gestão do Conhecimento em geral, e para Treinamento & Desenvolvimento em particular. Mesmo considerando que Masie está atuando primariamente no mercado americano, muitas de suas indicações já podem ser percebidas em empresas no Brasil, América Latina e Europa. Dentre elas, destacam-se:

  • a deficiência de conhecimentos e habilidades está crescendo, e isso tende a reduzir a velocidade com que as empresas conseguem absorver novas tecnologias e inovar produtos e serviços;
  • a demanda por treinamentos interativos on-line está crescendo, levando a níveis mais altos de virtualização nas simulações das situações de trabalho;
  • o uso de tecnologia nos treinamentos está aumentando, assim como sua utilização para a criação de atividades pré e pós-treinamento;
  • as ferramentas de software de autoria estão se popularizando, reduzindo o custo de desenvolvimento de material multimídia e tornando a produção desses recursos de aprendizado cada vez mais descentralizada;
  • os processos de aprendizado estão se movendo das salas de aula para as unidades de negócio, alternativamente, para as casas, através do uso combinado de CD-ROM, Internet, TV/Vídeo e videoconferência;
  • o conteúdo das ocupações está se alterando rapidamente, incorporando novas funções muito além das previstas nas descrições de cargos, e demandando novos conhecimentos e habilidades, principalmente em relação às novas tecnologias;
  • está crescendo o número e a importância das ‘comunidades de interesse’ profissionais, dentro e fora da organização, e elas estão se tornando um componente importante no processo de aprendizado e compartilhamento de conhecimentos;
  • o treinamento nos moldes tradicionais está encarecendo, o que levará a que se torne menos freqüente, mais seletivo, mais curto e direcionado a intervenções específicas.

Eduardo Lapa é diretor da Informal Informática e especialista em Educação Corporativa.

Fonte: Empregos.com.br

Comunidades Virtuais, Integração Real

Órgãos do governo federal, entre eles o Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados), utilizam de forma crescente as comunidades virtuais como instrumento para compartilhar conhecimentos e aprimorar a qualidade dos serviços prestados à sociedade.

“Grupo de pessoas que comungam uma mesma crença ou ideal”. Essa é uma das várias definições do dicionário Aurélio para o termo comunidade. Uma descrição que, no universo das tecnologias da informação e comunicação, poderia ser aplicada para conceituar as comunidades virtuais. Mais do que mera tendência ou moda passageira do mundo contemporâneo, trata-se de uma nova forma de organização em redes, que possibilita o agrupamento de pessoas com interesses comuns, independentemente da distância física que separa umas das outras. Uma realidade cada vez mais presente nos diversos segmentos da sociedade, seja com objetivos acadêmicos ou profissionais, seja para a mobilização em torno de causas sociais e políticas, ou simplesmente para interagir com outros membros em busca de lazer e entretenimento.

Participar ou não de grupos como esses é uma escolha individual. As comunidades surgem espontaneamente, e permanecem ativas na medida em que se mantém vivo o interesse de seus integrantes. Contudo, governos e organizações privadas em vários países já descobriram o potencial de integração que as comunidades virtuais proporcionam. E estimulam seus colaboradores a utilizar esse instrumento como forma de aprimorar processos e promover o intercâmbio de conhecimentos.

No governo federal brasileiro, as comunidades virtuais têm sido cada vez mais usadas para que os seus diversos órgãos e servidores possam atuar de maneira mais articulada. A premissa é que a integração em redes favorece o desempenho da máquina pública. Por isso, o Comitê Técnico de Gestão do Conhecimento e da Informação Estratégica (CT-GCIE), vinculado ao Comitê Executivo do Governo Eletrônico, criou o Portal das Comunidades Virtuais do Governo Federal. O ambiente recebeu a denominação de CATIR (Comunidades de Aprendizagem, Trabalho e Inovação em Rede). Nesse espaço, organizações públicas brasileiras podem criar e participar de comunidades voltadas a apoiar suas atividades, criando e compartilhando conhecimentos entre si.

“Hoje em dia as tarefas a cargo da Administração Pública estão cada vez mais complexas. Quando chega um problema às mãos de um servidor, muitas vezes a solução exige alguma competência que a pessoa não detém. Daí a importância de incentivar a troca de informações entre os órgãos de governo. Mas como o conhecimento está distribuído em todo o território brasileiro, fazemos isso utilizando o meio virtual”, observa Paulo Fresneda, coordenador geral de Articulação Institucional, Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura, e também coordenador do CT-GCIE.

“Na Sociedade do Conhecimento em que nós estamos, é fundamental gerir o conhecimento, seja numa organização pública ou privada, e as comunidades virtuais são uma excelente ferramenta para isso. Por exemplo, eu, de Brasília, posso colaborar com um colega de Mato Grosso ou do Rio de Janeiro, e outra pessoa que está no Paraná pode ler aquela mensagem e também se apropriar da informação para o seu trabalho”, exemplifica Fresneda.

Atualmente, a comunidade do CT-GCIE conta com cerca de 800 membros. Outras também ativas dentro do Portal CATIR são: Sistema de Administração dos Recursos de Informação e Informática – Sisp; Programa Brasileiro de Certificação em Biocombustíveis – Inmetro; Rede PNAFM; Rede Governamental de Planejamento Estratégico; Licitações e Contratos; Rompendo Distâncias – Comunidade de Educação a Distância da Justiça do Trabalho; Professores da Escola Nacional de Administração Pública – Enap; Educação a Distância em Organizações Públicas; e Informação e Conhecimento em Ciência e Tecnologia – IBICT.

Para ter acesso às comunidades do CATIR, o servidor público cadastra seus dados no formulário disponível e depois recebe uma mensagem de confirmação via e-mail. A Escola Nacional de Administração Pública (Enap) oferece cursos de capacitação para uso do ambiente, nos quais são abordados os tópicos Noções de Comunidades Virtuais, Implementação de Comunidades Virtuais no Ambiente CATIR e Noções Sobre Administração de Comunidades Virtuais.

Apesar dos números crescentes, Paulo Fresneda adverte que a formação de comunidades ainda tem muito a avançar no Brasil, pois se trata de mudança cultural para a Administração Pública. “O trabalho nessas organizações ainda é muito voltado para o aspecto presencial. Do total de membros de uma comunidade, apenas 20% participam intensamente, postando e-mails e discutindo todos os assuntos propostos. Os 80% restantes chamamos de ‘aprendizes legítimos periféricos’, pois só ficam lendo as mensagens trocadas pelos demais”.

O coordenador do CT-GCIE observa que a principal razão alegada por esses membros “periféricos” é falta de tempo para participar das discussões. “Para muitos ainda não ‘caiu a ficha’ de que, no momento em que está lendo, respondendo a e-mails, participando e colaborando, ele está trabalhando. Essa participação nas comunidades virtuais deveria estar incluída no plano de ação negociado entre os servidores e seus chefes”, sugere.

Dentro do Portal CATIR, uma das comunidades mais atuantes é a do Sistema de Administração de Recursos de Informação e Informática – Sisp. O grupo foi formado em 2008, após a implementação da Instrução Normativa nº 4 (IN 04), que aprimorou a contratação de serviços tecnológicos pela Administração direta, autarquias e fundações. “Percebemos que havia uma lacuna muito grande entre os gestores de TI do governo federal. Eles tinham pouco contato, trocavam pouca experiência entre si. Por isso, decidimos criar essa comunidade, voltada a intensificar a colaboração entre esses gestores”, diz Cláudio Cavalcanti, gerente de projetos de Gestão Corporativa da Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento.

A comunidade Sisp já conta com cerca de 400 integrantes, entre gestores e outros profissionais de TI da Administração Pública Federal em todas as regiões do país, que entram no espaço para debater temas como planejamento tecnológico, modelos de contratação, compartilhamento de softwares e ferramentas de desenvolvimentos. O ambiente também é utilizado para divulgação de notícias relativas à capacitação e publicação dos documentos de referência, entre outras ações.

“Digamos que um gestor precise constituir um comitê estratégico de TI em seu órgão, mas não sabe como fazer uma portaria, por exemplo. Então ele pode acessar a comunidade e pesquisar as portarias que outras instituições já tenham publicado sobre o assunto. Assim, poderá usar uma delas como referência, ajustando-a às especificações de seu órgão”, cita Cavalcanti.

Fonte: Portal do SERPRO

Exemplos de Moblização Social em Comunidades Virtuais

A Avaaz é uma comunidade de mobilização online que leva a voz da sociedade civil para a política glImageobal.

Avaaz, que significa “voz” em várias línguas européias, do oriente médio e asiáticas, foi lançada em 2007 com uma simples missão democrática: mobilizar pessoas de todos os países para construir uma ponte entre o mundo em que vivemos e o mundo que a maioria das pessoas querem.

O seu modelo de mobilização online permite que milhares de ações indivíduas, apesar de pequenas, possam ser combinadas em uma poderosa força coletiva.

O Projeto de Lei “Ficha Limpa” é uma experiência ímpar. Originado por iniciativa popular, foi subscrito por 1,3 milhão de eleitores, número que subiu para 1,7 milhão no momento em que estava sendo aprovado pela Câmara dos Deputados, aos quais se agregaram dois milhões de assinaturas on-line. Dele resultou a Lei Complementar 1351, de 4 de junho de 2010, que altera a Lei Complementar no 64, de 18 de maio de 1990. A lei torna inelegível por oito anos um candidato que tiver o mandato cassado, renunciar para evitar a cassação ou for condenado por decisão de órgão colegiado (com mais de um juiz), mesmo que ainda exista a possibilidade de recursos.

Rede Brasileira de Comunicadores Solidários à Criança como movimento social em rede com características de comunidade virtual. Numa parceria com a Pastoral da Criança, organismo de ação social da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), a União Cristã Brasileira de Comunicação criou em 1994 a Rede Brasileira de Comunicadores Solidários à Criança, que conta hoje com 524 jornalistas, radialistas, relações públicas, artistas e comunicadores populares. Eles fazem um trabalho voluntário de comunicação em favor da criança em 24 estados brasileiros. Esses profissionais da comunicação somam-se aos mais de 130 mil voluntários que a Pastoral da Criança mobiliza em todo o país, através de um projeto de redução da morta

lidade infantil apoiado pelo Ministério da Saúde. Trata-se de uma atuação na divulgação de ações em favor da criança e na capacitação dessas dezenas de milhares de voluntários da Pastoral da Criança em ações de comunicação.

Orkut

O Orkut é uma plataforma para comunidades virtuais, filiada ao Google, com o objetivo de ajudar seus membros a conhecer pessoas e manter relacionamentos. Seu nome é originado no projetista chefe, Orkut Büyükkökten, engenheiro turco do Google. Seu alvo inicial eram os Estados Unidos, porém ganhou mais força no Brasil e na índia, sendo os mesmos seus maiores usuários. A sede do Orkut era inicialmente na Califórnia, quando o Google anunciou que o Orkut seria operado no Brasil pelo Google Brasil devido à grande quantidade de usuários brasileiros e ao crescimento dos assuntos legais. O Google anunciou em 19 de novembro de 2008 que disponibilizaria gradualmente aos usuários brasileiros uma ferramenta para bate-papo integrada ao orkut. A rede social já funcionava com o Google Talk, mas a novidade simplifica o acesso e uso do chat.

Como acontece na maioria dos sites de rede social no orkut existe um grande número de perfis falsos (também chamados de fakes ou bogus). Esses perfis geralmente se passam por pessoas famosas ou personagens de filmes ou desenhos, assim sendo óbvio que eles são falsos. Eles são criados tanto para proteger a identidade da pessoa quanto para diversão, e não são ilegais. O problema é quando o perfil é de uma outra pessoa, seja ela viva ou morta. Nesse caso, isso pode se enquadrar como falsidade ideológica. No Brasil, um homem de Santa Catarina foi preso por criar três perfis falsos e usá-los para difamar as vítimas.

No dia 19 de junho de 2006 os pesquisadores de segurança da “FaceTime Security Labs”, Christopher Boyd e Wayne Porter descobriram um “worm”, chamado de MW.Orc. Esse “worm” rouba detalhes bancários de usuários, como login e senha se propagando através do orkut. O ataque é iniciado quando um usuário lança um arquivo executável disfarçado de arquivo JPEG. O executável inicial que causou a infecção então instala mais dois arquivos no computador do usuário. Esses arquivos então enviam um e-mail com detalhes da conta bancária para o criador do “worm” quando o usuário infectado clica no ícone do “Meu Computador”. A infestação se espalha automaticamente postando a URL na página de recados de outro usuário.

Além de roubar informações pessoais, o malware também permitia que um usuário remoto controlasse o computador e fizesse dele parte de uma botnet, uma rede de computadores infectados. O botnet nesse caso usava a banda de rede do computador infectado para distribuir filmes piratas em larga escala, potencialmente reduzindo a velocidade de conexão do usuário. De acordo com declarações feitas pelo Google, a empresa implementou um conserto temporário para combater o “worm”.

Em 16 de Janeiro de 2007, a comunidade do “Orkut Eu AMO Floripa” foi alvo da primeira transação comercial de que se teve notícia na rede no Brasil, quando foi “adquirida” pela RBS, que pagou R$ 2 mil a um jovem carioca para se tornar mediadora do fórum de discussão. A página da comunidade foi utilizada para promover o festival do verão “Floripa Tem”, e seu nome foi alterado, logo em seguida, para “Eu Amo Floripa! Floripa Tem!”. Na época a comunidade totalizava quase setenta e cinco mil membros, e foi escolhida para a transação por sua maior popularidade entre os usuários da rede de relacionamento, comparada a outras com o mesmo tema.

É notável o sucesso das comunidades no Orkut, pois é uma forma interessante das pessoas encontraram de dizer quem são, sua personalidade. É até um pouco saudosista, “Eu assistia…”, “Eu comia…”, “Já fiz…”, “Eu vestia…”, “Eu brincava de…” e famoso “Eu odeio…” são palavras que fazem parte de vários nomes de comunidades.

A possibilidade de reunir um grupo em torno de um interesse comum e gerenciar as informações trocadas por este grupo despertou o interesse de internautas de todo o mundo, sobretudo dos brasileiros. O Orkut permite que seus usuários criem comunidades sobre assuntos diversos em um número ilimitado desde seu primeiro acesso à rede. O ser humano afirma a sua identidade por meio de sua afiliação social. São os diferentes grupos aos quais os indivíduos pertencem que os permitem saber quem são e o que aspiram. Esta teoria explica o interesse dos membros da rede Orkut em afiliar-se a comunidades que o definam ou que demonstrem seus gostos e suas características. É a partir das comunidades que os indivíduos começam de fato a inteirar-se com os outros membros. As comunidades de interesse e de relacionamento são as mais atrativas e populares dentro da rede, pois tratam de assuntos específicos a serem desenvolvidos e da troca de experiências pessoais entre os membros.

As Comunidades Virtuais e a Mobilização Social

Cada dia que passa aumenta o número de comunidades virtuais cujo objetivo é a mobilização social.Mas o que tem favorecido esse desenvolvimento?

Para que haja a mobilização social, a comunicação tem papel fundamental, pois é através dela que ocorre a mobilização dos públicos, os debates sobre as necessidades da sociedade, ou sobre o tema que incentivou a mobilização social, entre outros.

Segundo Gamson, há três componentes essenciais para as ações coletivas:

  • “Injustice se refere à criação de uma consciência política dos sujeitos envolvidos pelo movimento mobilizador, motivada por uma indignação moral. […]”.
  • “Agency component manifesta-se no empoderamento dos públicos rumo à mudança de sua realidade, perante suas próprias histórias. Muito mais que fazer algo a partir de atitude individual, é possível que nós façamos juntos. […]”.
  • “Identity reside na conscientização de que os públicos, ao partilharem uma experiência de um nós, delineiam um alvo comum – fome, pobreza, epidemia – a ser enfrentado coletivamente.”

Percebemos a partir desses três componentes, tanto a importância da comunicação no processo, como a importância das redes, pois como diz Frederico Vieira, “[…] a atuação dos públicos em rede torna-se um pilar fundamental para a ação coletiva e mobilizadora, na qual as relações passam a ser mais horizontais, cooperativas, ampliando as possibilidades de interação e proporcionando um terreno favorável ao desenvolvimento da criatividade dos sujeitos.”. Afinal, todos se enxergam como parte do todo, se sentem responsáveis pela construção da mobilização.

A partir dessa necessidade da atuação de redes, observamos porque o espaço virtual possibilita a mobilização de diversos públicos; afinal, através das comunidades virtuais formadas nas redes sociais, todos podem construir, desconstruir, colaborar ou opinar. Por meio da Internet a comunicação mantém um vínculo entre os sujeitos e o projeto social.

O espaço virtual é democrático, por isso propiciou essa expansão da mobilização social na internet, diferente dos meios de comunicação de massa. Como diz Frederico, “[…] as comunidades virtuais são parte do exercício da cidadania e da participação democrática.”.

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Referência Bibliográfica

LACERDA, Juciano de Souza, Movimentos Sociais, Redes e Comunidades virtuais: Um olhar sob vários ângulos da Rede Brasileira de Comunicadores Solidários à Criança. Disponível em: http://bocc.ubi.pt/pag/lacerda-juciano-comunidades-virtuais.html

SOUZA, Frederico da C. V.,  Públicos e redes em Contexto de Mobilização Social. Minas Gerais, V ABRACORP, 2011.  Disponível em: http://www.abrapcorp.org.br/anais2011/trabalhos/trabalho_frederico.pdf

Facebook

O Facebook é uma plataforma para comunidades virtuais, fundada em 2004 por alguns amigos, estudantes da Universidade de Harvard, Mark Zuckerberg, Eduardo Saverin, Dustin Moskovitz e Chris Hughes. A princípio a rede era utilizada apenas pelos estudantes de Havard. Posteriormente se expandindo para a utilização de outras universidades, colégios, pessoas maiores de 13 anos, para então ganhar fama suficiente e ser aberta ao público.

Uma das vantagens de usar a plataforma Facebook é o alcance potencial que você tem quando os usuários do Facebook compartilham conteúdo de seu aplicativo ou site com seus amigos. Por causa da força do endosso de um amigo, a comunicação através da plataforma Facebook pode ajudar produtos de alta qualidade crescer tremendamente.

O termo “Facebook”, traduzindo: “livro de rostos” é inspirado no livro que algumas universidades americanas entregam aos iniciantes, com a foto de todos os estudantes, para facilitar o conhecimento deles sobre os seus colegas. Em termos de uso, para acessar o facebook as pessoas devem antes se registrar, para então criarem um perfil pessoal e adicionarem seus amigos, recebendo notificações e podendo também participar de grupos de interesse em comum com outras pessoas. Qualquer usuário que declare ser maior de 13 anos tem acesso liberado ao facebook.

A história do Facebook se popularizou no filme “A Rede Social” (The Social Network). A idéia dos jovens era criar um website de relacionamento onde a experiência social dos colegas universitários acontecesse online. Compartilhar fotos, dizer o que achou da última festa, convidar alguém para sair, ter um espaço virtual para interagir com os amigos, conhecer novas pessoas. Este era basicamente o Facebook. Na página oficial, a rede é apresentada como um espaço que “ajuda as pessoas a se comunicarem com mais eficiência aos seus amigos, familiares e colegas de trabalho.”

O fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, apresentou nova função para sua rede social, que permite criar pequenos grupos com pessoas selecionadas para a troca privada de informações. Além de fotos e posts, com a novidade, o Facebook irá disponibilizar ferramentas como salas de bate-papo, compartilhamento de documentos e informações por e-mail. A ideia é disponibilizar a opção de privacidade ao local onde até então era possível apenas compartilhar informações com grandes grupos de pessoas, como ‘amigos’, ‘amigos de amigos’ e ‘todos’.

Com a nova visão de Grupos, o Facebook encontrou uma maneira simples para compartilhar informações com pequenos grupos em um espaço privado. A configuração padrão é fechada, o que significa que apenas membros acompanham o que acontece naquele grupo. Nesse espaço privado é possível postar as fotos rapidamente, fazer planos e acompanhar as conversas em andamento. A partir da ferramenta, o Facebook facilita para o usuário a divisão de grupos importantes de pessoas da vida, como: família, time de futebol, baladas. Tudo o que o usuário tem que fazer é criar um grupo, adicionar os amigos e começar a compartilhar.

Os executivos do Facebook continuam empenhados em lançar novidades e manter o crescimento mundial desta rede. Em abril de 2010, foi criado o botão “curtir” (Like), mais uma ferramenta de interatividade do Facebook. “Gostou do que eu postei, desta foto, vídeo ou link, aperte o botão ‘curtir'”. O Facebook passou a interligar milhões de páginas da Internet. Mais de 10 mil sites adicionam o botão “curtir” por dia.

O Facebook não para de crescer. Atualmente são mais de 750 milhões de usuários ativos, pessoas que gastam 700 bilhões de minutos por mês somente nesta página. Seu crescimento médio mensal é de 10%. A página tornou-se o maior acervo digital de fotos dos Estados Unidos, com milhões de aplicativos criados por dia. A rede é também uma das mais acessadas por dispositivos móveis. Mais de 250 milhões de usuários acessam o Facebook regularmente de celulares, smartphones e tablets.

O Facebook hoje está entre os 10 sites mais acessados do mundo, no ranking Alexa Internet Inc., serviço de internet que mede quantos usuários visitam um site. A plataforma também aparece como o 1º colocado entre os sites mais acessados do mundo buscados pelo Google, na lista da Ad Planner Top 1000 Site.

Como é apresentado em seu site oficial, o Facebook hoje “é um pedaço da vida de milhões de pessoas que vivem em todas as partes do mundo.”

Linkedin

Lançada em 5 de maio de 2003, o Linkedin é uma rede de negócios, muito semelhante à uma rede social, que tem como objetivo principal conectar profissionais em escala mundial e ajuda-los a ter um aproveitamento melhor de sua rede de contatos profissionais, a fim de progredirem em suas carreiras. Tudo começou no final dos anos 90, quando Reid Hoffman e Konstantin Guericke, começaram a fazer um projeto de uma rede profissional online. Em dezembro de 2002, juntamente com mais três amigos, fundaram a rede que chamaram de Linkedin, sendo colocada no ar apenas em maio de 2003.

Reid Hoffman, co-fundador do Linkedin

O Linkedin segue um conceito diferente das demais redes sociais como Facebook e Orkut, que visam fazer amigos, compartilhar status, fotos e vídeos. O foco do Linkedin são os relacionamentos profissionais, como procurar parceiros e sócios para negócios e procurar um emprego,  tanto é que, o perfil dos usuários do Linkedin podem ser comparados a um currículo profissional, onde são mostradas informações de cunho acadêmico e profissional, como escolaridade, empregos atuais e anteriores, empregador, cargo, entre outros  registros.

O site começou com 300 usuários, que foram convidados a participar da rede pelos cinco fundadores. Depois de apenas um mês do ar, o Linkedin já tinha mais de 4.500 usuários cadastrados, e em um ano esse número subiu para mais de 1 milhão.  Em março de 2006, o Linkedin começou a ser rentável.

Recentemente lançou sua versão oficial em português. Foi registrado, no início de 2011, um número de usuários que chegava a 100 milhões. Após atingir essa marca, o Linkedin lançou uma página em seu site destinada aos membros contarem suas histórias de como a rede os ajudou em suas carreiras profissionais. Ainda esse ano, foram colocadas novas opções como a possibilidade de colocar uma foto no perfil e uma loja online oficial da rede.

Em 19 de maio desse ano, o Linkedin lançou suas ações na bolsa. Já no primeiro dia as ações da empresa subiram mais de 120%. Com uma oferta inicial de 45 dólares, o valor subiu em disparada para 101,8 dólares, fazendo o valor de mercado do Linkedin ultrapassar 8 bilhões de dólares.

Link para as pessoas aprenderem a usar o linkedin: http://www.ceviu.com.br/blog/info/dicas/fazendo-networking-com-o-linkedin

Comunidades Virtuais de Aprendizagem (CVAs)

Fazendo um apanhado histórico, pode-se dizer que é através do modo como se comunica que o indivíduo expressa sua própria identidade, a de um grupo ou de uma nação. Assim, na medida em que as tecnologias foram se desenvolvendo e ganhando espaço novas formas de comunicação e transmissão cultural também começam a alavancar.

A partir de 1980, o uso de computadores particulares se expandiu e com o advento da Internet e outras ferramentas de comunicação e interação por esses meios, propiciou o estabelecimento do que se chama de era da comunicação digital. E é nesse conceito que aparecem as comunidades virtuais, como grupos de sujeitos interligados virtualmente por vínculos não formalizados, mas com características comuns.

Dessa forma, as comunidades virtuais são definidas como redes virtuais de comunicação interativa, organizadas em torno de interesses compartilhados. Já as comunidades virtuais de aprendizagem são constituídas a partir de interesses comuns de conhecimento estabelecidos em um processo cooperativo. A interação entre os participantes de uma comunidade virtual de aprendizagem cria espaços que privilegiem a co-construção do conhecimento criando, assim, uma nova concepção de aprendizagem.

O processo de ensino e aprendizagem pode ser definido como o modo que o ser humano adquire novo conhecimento, desenvolve competências e muda o comportamento. Este processo baseia-se em metodologias, desenvolvidas em diferentes concepções científicas. As concepções abordam as diferentes compreensões sobre a aquisição do conhecimento e são delas que resultam diferentes modelos educacionais e práticas pedagógicas.

Ao pensar-se nas tecnologias da informática e metodologias para o ensino e aprendizagem on-line, o computador pode ser usado de diversas formas, refletindo propostas educativas teóricas. Quanto a isso, pode ser usado como “máquina de ensinar”, instrução programada ou ensino a distância; ou também na perspectiva de interação e construção de conhecimento, podendo utilizar-se de ambientes ou comunidades virtuais de aprendizagem.

Considera-se comunidade virtual de aprendizagem, redes eletrônicas de comunicação interativa, organizada em torno de um projeto mútuo. Elas são constituídas a partir de interesses comuns de conhecimento estabelecidos em um processo cooperativo. Assim, as comunidades virtuais de aprendizagem priorizam a interação social, a aprendizagem colaborativa e o trabalho cooperativo. Nesta perspectiva, a própria comunidade se legitima, por constituir-se a partir de afinidades de interesses, de conhecimentos, de projetos mútuos e valores de troca, estabelecidos no processo de cooperação.

As comunidades virtuais de aprendizagem realizam comunicações interativas, onde as normas, os valores e os comportamentos são definidos na própria comunidade. A aprendizagem é cooperativa e todos os sujeitos têm o mesmo direito de participação. O sujeito assume o papel ativo na construção do seu conhecimento de acordo com tema da comunidade e o educador tem o papel de orientador. Para Lévy (1999) “a direção mais promissora, que por sinal traduz a perspectiva da inteligência coletiva no domínio educativo, é a da aprendizagem cooperativa”.

As comunidades virtuais de aprendizagem, conforme Passarelli (2003) foram gestadas no espaço midiático da Internet e representam novas possibilidades para o processo de ensino e aprendizagem, tanto no âmbito da educação formal (escolas tradicionais) como no da educação não-formal (educação comunitária, educação para a vida). Por fim, para que haja sucesso, uma comunidade virtual de aprendizagem deve ter uma abordagem centrada no aluno. Além disso, o papel e a presença do professor, bem como o envolvimento ativo do aluno, são críticos para o êxito.

As “Tribos Virtuais”

No contexto do presenteísmo definido por “querer estar necessariamente junto, se reunir em tribo, viver o momento” (MAFFESOLI, 1987) é possível notar a forma de interatividade voltada para o “agora”, caracterizado pela velocidade da comunicação em tempo real, que supera as barreiras espaços-temporais.

E, dentro do cenário da cibercultura, disseminada e consolidada com o uso de tecnologias recentes (computadores, internet etc.), surgem as ditas tribos virtuais. Pessoas com interesses e experiências em comum partilham ambientes no ciberespaço para trocar conhecimento, um estilo diferente de ver o mundo, de se relacionar e se encontrar dentro do universo virtual.

Normalmente, os encontros que derivam a criação de tribos virtuais acontecem por acaso. Pessoas que navegam na internet se deparam com outras que têm os mesmos interesses e acabam partilhando afinidades. Funciona como uma relação de sentimento onde se deve manter o respeito enquanto participantes de um mesmo “contrato”, a partir de regras de conduta estabelecidas.

Outros fatores como, por exemplo, a busca de identidade, pode levar o indivíduo a se agregar a mais de uma tribo, o que acaba resultando na atual e crescente pluralização de identidade. A sociedade atual é composta por elementos desiguais e traz como consequência a necessidade de se estabelecer uma espécie de sociabilidade em rede – fruto da nossa condição pós-moderna.

Apesar das inúmeras discussões a respeito da virtualização do cotidiano, a criação de comunidades e, mais especificamente tribos virtuais, nada mais é que o resultado de uma autoconstrução onde o interesse e a aceitação dos participantes são maiores que em qualquer processo formal de agrupamento social. Nacionalidade, região, cultura e história são fatores que podem levar a segregação em tribos, além dos que são inerentes ao ser humano, como paternidade, sexualidade, raça, religião e, a partir deles, abre-se um leque de outras tribos como os LGBTT, negros, católicos, neonazistas, seguidores de Kennedy etc.

Assim como em tribos sociais “concretas”, como as indígenas, as virtuais se mantêm fiéis à sua cultura, história e valores ao longo dos anos. Através delas, são divididas crenças e hábitos como forma de afirmação de sua existência.

 “O lado sombrio”:

Em reportagem na Revista Galileu (abril de 2008), a jornalista Juliana Tiraboschi faz um alerta para aquelas comunidades voltadas para discussão de temas como incentivo à pedofilia, anorexia, uso de drogas, suicídio e até instruções para a prática de crimes. Para a pesquisadora, não se trata, no entanto, de demonizar a rede por conta dessa parcela de usuários dentro de um universo.

A internet seria uma facilitadora da conexão entre pessoas, desde amantes da música até suicidas em potencial. Tiraboschi ressalta que, além de ser um meio por onde as pessoas podem trocar experiências e se identificar com as mesmas ideias, as tribos virtuais também são consideradas um meio rápido, abrangente e eficiente de divulgar conceitos e preconceitos.

Casos que envolvem práticas violentas contra homossexuais e nordestinos têm gerado grande repercussão no universo virtual.

A cada dia, centenas de jovens sofrem preconceito na internet e na “vida real”. Além desses casos, o bullying também tem sido alvo de discussões e na rede não é diferente.

A reprodução de preconceitos e divisões sociais na Internet, que ultrapassam questões como a exclusão digital, merece atenção da agenda de pesquisas em cibercultura, em redes sociais e, consequentemente, nas comunidades virtuais.

Comunidades virtuais exóticas

Segmentação crescente do público promove surgimento das mais exóticas comunidades virtuais.

Atrações poderosas na Internet, as comunidades online reúnem pessoas com os mesmos interesses que desejam compartilhar informações, novidades e hobbies. Mas não é só de Myspace, Orkut e Facebook que se alimentam essas comunidades virtuais. Atualmente existem opções para os mais diversos perfis de usuários: a Postcrossing, por exemplo, é a comunidade ideal para aqueles que curtem cartões postais; para os mais gordinhos, a Traineo, que traz dicas para uma alimentação saudável. São comunidades para cinéfilos, imigrantes, motoboys.

Veja o vídeo abaixo:

http://www.olhardigital.com.br/embed/5412

Links:

www.traineo.com

www.zexe.net

www.moviemobz.com

www.postcrossing.com

Fonte: Olhar Digital